terça-feira, 3 de agosto de 2010

- E qual é o nome?
- Nome?
- Disso que você diz sentir. Parece meio confuso.
- A incerteza faz parte da minha essência, e acho que não consigo nomear.
- E como você sabe que sente?
- Por algum motivo que, alheio a minha compreensão, insiste em vendar meus olhos e prender minha respiração.
- É, e por esses momentos de tirar o fôlego, fumo um cigarro e tomo um whisky.
- Já eu, por momentos assim, prefiro a lucidez. Ela permite que eu sinta, da minha forma, cada bater ligeiro e apertado, combinado com o suar das mãos que tocam o corpo na tentativa, frustrada, de acalmá-lo.
- Vou fumar o cigarro, quem sabe assim perco a vontade do whisky.
[...]

- Com licença. Te chamam na sala, Bernardo. Diga a sua amiga para ir até varanda, porque lá a esperam e deixe-me arrumar o quarto.

Clara Solano

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