segunda-feira, 28 de junho de 2010

E tudo parece de tinta: quando suas lágrimas escorrem mais densas, quando os dedos anestesiados tocam a pele que um dia pertenceu-te e não a reconhece mais, quando o coração fica preso na garganta e os órgãos internos parecem ser dilacerados, quando percebe-se o estrago feito, as noites sem dormir, os travesseiros molhados, a cama gelada, os beijos sem gosto, o toque sem textura, e o olhar sem tonalidades. As mãos inseguras pretendem apanhar o que está em pedaços espalhados pelo chão. E a dor que eu sinto são os cacos: Os grandes conseguimos recolher e jogar pela janela, mas os pequenos vão ficar, e, até que o vento os leve, restará um suspiro de fraqueza. E é por isso que rezo por um vendaval.
Clara Solano

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